Qual produtor não gostaria de ganhar seis arrobas na seca? Para muitos, essa meta é impossível, mas com foco e planejamento, você consegue alcançar esse número. Para sair de uma situação crítica e conquistar o sucesso na pecuária, é preciso seguir alguns protocolos básicos, mas também ser ousado e implementar estratégias que nem todos seguem.
Na realidade, apenas propriedades que conquistam o lucro desejado vão além e adotam processos com tecnologia e são inovadores. Você está preparado para dar o seu melhor e colher os resultados? Se sua resposta for sim, continue com a Boi Saúde e entre para o time dos pecuaristas que aumentam o lucro e prosperam mais a cada ano.
Por que evitar a perda de arrobas na seca?
Um rebanho que perde peso na seca só dá prejuízos. Todos os quilos conquistados nas águas pelo consumo de capim e sal no cocho são perdidos quando se não tem uma estratégia efetiva para a temporada sem chuvas.
Afinal, você investiu em suplementos, manteve a sanidade animal com vacinas, controlou doenças, pagou funcionários e ainda, cumpriu com as contas básicas como água e luz. Para ter o retorno de tudo isso, mais o lucro, ao fim da safra, o gado precisa estar mais pesado, apresentando ganho de peso a cada mês, independentemente de ter chuvas ou não.
Se esse problema grave acontece com frequência na sua propriedade, pare com a estratégia atual, já que ela não está dando certo. Os erros não podem ser cometidos novamente, pois dessa forma, sua propriedade estará cada vez mais no vermelho, correndo o risco de falir.
O objetivo é chegar ao fim da seca com arrobas maiores que a entrada nela. Se quando estacionamos o ganho de arroba já não é satisfatório, imagine, então, quando se perde o peso.
Se você é produtor a um tempo, saberá que realmente, a seca é um período muito difícil. Sem o pasto, que é a principal fonte de alimentação do gado, manter uma engorda progressiva pode parecer impossível. Porém, existem algumas estratégias para mais que evitar essa queda ou estacionar o peso, que é aumentar as arrobas na seca.
Como ganhar até 6 arrobas na seca
Ajuste a taxa de lotação da pastagem
Quando a gente sai um período de seca muito difícil, onde o pasto fica sem vida mas começa a rebrotar e ganhar cor e forma nas primeiras chuvas, é comum querer inserir o gado direto naquela pastagem.
Entretanto, deixar a ansiedade de lado é o melhor a se fazer nesse momento. O ideal é calcular a taxa de lotação antes mesmo de inserir o gado no pasto. Se você ainda não sabe fazer essa conta, vamos te explicar.
A taxa de lotação é o número de animais e o espaço no pasto que eles irão ocupar. No Brasil, a unidade animal utilizada como padrão é de 450 quilos de peso vivo. Com isso, você vai calcular a área de pasto pelo número de animais ou unidade animal. Por exemplo, se você tem 25 hectares e 150 bovinos, a conta é 25 dividido por 150. O resultado será seis bovinos por hectare.
Muitos produtores também separam um hectare por animal. Essa medida varia muito de acordo com a área e disponibilidade de forrageira. O mais importante é que a pastagem seja suficiente para alimentar os bovinos e ainda, tenha condições de rebrota para continuar firme e forte no trabalho de engordar os animais.
A taxa de lotação ajuda a deixar o pastejo na medida, nem para mais, nem para menos. Com isso, o produtor tem uma boa margem de ganho de arrobas nas águas e manter um pasto saudável. Próximo a seca, reduza a taxa de lotação para ajuste da oferta de pastagem.
Entenda mais:
Cuide do pasto para preservá-lo ao máximo, mesmo no período sem chuvas
Além de seguir a taxa de lotação, o pasto precisa de cuidados todos os meses do ano. Aqui, o básico precisa ser muito bem feito. Mais que escolher uma forrageira adequada para a sua região e clima, os cuidados essenciais realmente precisam ser aplicados.
A limpeza é o primeiro deles. Um pasto mal cuidado, além de não ser nutritivo, não proporciona a engorda esperada e isso começa com o excesso de lama e lixo. Além disso, uma pastagem que não passa por manutenção, é repleta de verminoses, cupins, ervas daninhas, plantas invasoras e até tóxicas que causam danos graves na saúde dos animais.
Esses problemas todos juntos ou até mesmo isolados, causam grandes prejuízos na qualidade do pasto. Como resultado, por mais que o gado o consuma, a engorda não terá efeito pois estará o pobre em vitaminas e minerais essenciais para o ganho de arrobas.
Como cuidar do pasto para evitar a perda de peso do gado
- Insira sempre no seu planejamento uma ronda do pasto. Programe limpezas periódicas para se livrar de ervas daninhas, plantas invasoras e tóxicas;
- O excesso de lama prejudica a locomoção dos animais e causa a doença do casco, além de ser uma fonte de bactérias que causa problemas no gado. Evite ao máximo o acúmulo na sua propriedade, principalmente no pasto e demais áreas onde o gado transita;
- Está com cupinzeiros no terreno? Elimine-os! O gado fica com dificuldade de pastar e a desvalorização da propriedade é certa. Saiba como aqui mesmo: Como eliminar cupim no pasto com dicas simples;
- Quer ganhar mais arrobas? Plante árvores no pasto. Quando estão expostos ao sol forte, o organismo do gado gasta mais energia. Como resultado, perde peso. Por isso, comece a proteger seus animais do calor de maneira barata e eficiente plantando árvores;
Durante a seca, caso tenha condições, implemente algumas soluções como a irrigação. Se o seu pasto for de qualidade, ao receber água o ano todo, os prejuízos da seca serão bem menores. Existem diversos tipos de irrigação com diversos preços e condições de pagamento. Pesquise muito bem antes de fechar negócio e estude se este é o momento financeiro ideal.
- Irrigação de pastagem por aspersão: conheça os tipos;
- Irrigação de pastagens é método simples para o pasto seco.
Para se planejar melhor financeiramente, preencha uma planilha com tudo o que entra e sai do seu fluxo de caixa para entender como está o lucro da sua propriedade.
Faça um planejamento nutricional antecipado
Não espere o pasto começar a secar para planejar o que irá complementar a nutrição do gado. Em primeiro lugar, a nutrição precisa estar presente em todas as épocas do ano, com ou sem chuvas. É por meio da nutrição que gado ficará com o organismo fortalecido para chegar na seca preparado para a falta de pasto. Em segundo lugar, ter um estoque e uma programação do que oferecer, assim como a quantidade, facilita a lida e também a organização financeira da propriedade.
Ao oferecer o sal mineral nas águas, o produtor oferece o que não está disponível no pasto como minerais e outros elementos essenciais para o crescimento e a engorda esperada. Como existem diversos tipos de solo e espécies de forrageiras, nem tudo o que o gado precisa para ganhar peso é encontrado na pastagem, por isso, a necessidade de oferecer sal o ano todo.
Esse tema pode até parecer batido, entretanto, muitos produtores realmente ainda não oferecem o sal ou quando o oferecem, utilizam o sal branco. Esse componente não é o ideal. Se você o utiliza, substitua para o sal mineral durante as águas e o sal proteinado na seca.
A dosagem do sal para gado é a seguinte:
- Sal mineral: entre 60 e 100 gramas por cabeça;
- Sal proteinado: 1 grama a cada quilo vivo
O sal é o componente mais básico da nutrição. Apenas com o pasto, fica realmente difícil conquistar arrobas e na ausência dele, durante a seca, é realmente quase impossível. Por isso, comece já a inserir na sua atividade desde agora.
Uso de ureia para bovinos na seca
Saindo do básico, vamos para a ureia. A ureia é uma fonte de nitrogênio que evita a perda de peso do gado durante a seca. A Embrapa indica que o uso da ureia aliada ao sal é barato e seguro. A indicação de uso é ampla e vai desde vacas adultas na fase de reprodução, passando por bois na fase da recria e terminação.
Como não precisa de maquinário para oferecimento ou até mesmo produção, já que é um produto que se compra pronto, o custo benefício é maior, quando comparado com a silagem, por exemplo.
O oferecimento é muito simples, direto no cocho. Caso você não utilize o Total Ureia Premium, única ureia do mercado que dispensa adaptação e que pode ser molhada no cocho, não causando intoxicação, fique muito atento aos cuidados.
Cuidados para adotar ao oferecer ureia para o gado
- Faça furos no cocho para evitar que forme o acúmulo de água no fundo forme aquele famoso sopão;
- Não ofereça ureia aos animais famintos. No retorno da lida, alimente-os com ração ou pasto e só depois, a ureia;
- Não ultrapasse a dosagem diária indicada. O ideal é 49 gramas para cada 100 quilos de peso vivo do bovino.
Estude o comportamento dos animais e acompanhe a engorda
Você tem o hábito de acompanhar o rebanho? Esse acompanhamento precisa ser diário e não apenas no momento de pesagem. Observar o comportamento do gado evita grandes problemas. Ao menor sinal de que algo não está indo bem, investigue o que está acontecendo.
Algum animal não está se alimentando ou está perdendo peso rápido demais? Pelos e olhos sem brilho? Apresenta diarreia? Esses sintomas são os primeiros sinais de doenças graves que podem levar o animal a morte. Por isso acompanhe sempre, todos os dias.
Sobre a engorda, além dos dias programados para pesar o gado na balança, acompanhe o ganho de peso no olho.
Faça diferimento de uma parte dos pastos
Fazer o acúmulo de pasto em determinada área reservando-o nas águas para uso durante a seca consiste em uma técnica chamada diferimento de pastagem.
O diferimento de pastagem é uma boa opção quando o produtor não encontra pastagem com valor nutritivo suficiente para promover a engorda do gado, o que acontece na seca. Essa técnica consiste na vedação de uma parte do pasto, ainda nas águas, isolando-o para que o gado não o consuma. Essa vedação é feita na segunda metade da estação chuvosa. Dessa forma, com uma boa qualidade, essa área pode ser ofertada ao gado quando o pasto que ficou aberto estiver seco.
Entre as espécies indicadas está a Braquiaria decubens que pode ser vedada entre janeiro e fevereiro e oferecida em julho, de acordo com recomendação da Embrapa. Se o diferimento for em março ou abril, ofereça entre agosto e setembro. Essa escolha fica a seu critério, de acordo com a experiência das secas anteriores, a partir do mês mais crítico. A espécie Cynodon também é outra boa opção para o diferimento de pastagem.
Essas duas indicações de espécies Braquiaria decubens e Cynodon são recomendadas para o diferimento de pastagem por ter um crescimento rasteiro e boa quantidade de folhas, quando comparadas ao colmo.
Antes da vedação, a aplicação de adubos é indicada para melhor aproveitamento daquele pasto na abertura. Caso queira potencializar o valor nutritivo, faça um pasto intensivo nessa área que será diferida. As folhas velhas e os colmos serão removidos e na rebrota, folhas com mais qualidade nascerão.
Entenda mais: Diferimento de pastagem: o que é e como fazer.
Com todas essas dicas, a Boi Saúde espera que sua seca seja mais amena e que os resultados sejam positivos ao fim dessa época. Para mais dicas sobre pecuária, acesse nosso canal do YouTube, clicando aqui.
Referência
Diferimento de pastagens: ajustando a alimentação do rebanho para a época seca do ano. Fronteira Agrícola nº8. Embrapa.
Pastejo diferido ou feno-em-pé para a alimentação na época de seca de bovinos no Cerrado: orientações para a implementação. Embrapa Cerrados.
Uso de ureia e sal na alimentação de bovinos no período da seca. Prosa rural. Embrapa. Abril/2012 – 5ª semana – Região Centro-Oeste/Sudeste