A ureia pecuária para bovinos é muito utilizada durante a seca para promover uma boa nutrição e evitar a perda de peso, ao atender as necessidades nutricionais. O uso por animais ruminantes é autorizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e para que você tenha uma alta produtividade e evite desperdício de investimentos, vamos te orientar como utilizar de forma correta a ureia. Além de te explicar esse produtor age no organismo bovino. Vamos lá?
Você sabe o que é ureia, amigo produtor? É um produto químico de cor branca e quando em estado sólido, se apresenta em formato de grânulos. Os componentes são hidrogênio (H) e o Nitrogênio (N), que combinados industrialmente formam a Amônia e ao gás carbônico, resultando na ureia.
Bom, agora que você já sabe o que é, chegou a hora de aprender como ela age no organismo dos ruminantes. A partir dos componentes microbiológicos da ruminação, os bovinos conseguem transformar o nitrogênio consumido.
A ureia é basicamente utilizada para duas situações:
- Na utilização de volumoso com de baixa qualidade. Nesse caso, a ureia para bovinos provoca um maior aproveitamento.
- Substituir o nitrogênio natural das proteínas. Isso também significa reduzir o custo com ração.
Com isso, é possível misturar a ureia com outros suplementos, otimizando o custo de compras de nutrição que o produtor considera elevado.
Cuidados no uso da ureia pecuária para bovinos
Amigo produtor, nunca ofereça ureia agrícola para seus animais. Apenas a ureia pecuária pode estar presente no cocho dos bovinos.
Início do oferecimento: É necessária uma adaptação do oferecimento da ureia no cocho. Ofereça a mistura com ureia para bovinos aos poucos, não de uma única vez. No primeiro mês de uso, divida a ureia em quatro porções. Na primeira semana, você vai oferecer dois sacos de sal mineral e um de sal mineral com ureia. Já nas segunda e terceira semanas seguintes, serão dois sacos de sal mineral com ureia e um só com sal mineral. Na última (quarta semana), a mistura de sal mineral com ureia pode ser servida por completo.
Dosagem: o primeiro cuidado deve ser a quantidade oferecida por dia a cada animal. O consumo não deve ultrapassar 49 g/100 kg de peso do animal/dia, mesmo após o período de adaptação.
Não ofereça a animais famintos: Não sirva ureia para bovinos famintos, que ficaram muito tempo sem acesso a algum tipo de alimentação por longos períodos, pois o consumo será muito grande de uma vez só, o que pode causar algum tipo de intoxicação.
Fracione as porções diárias no cocho: fracionar as doses oferecidas durante o dia, permite que um único animal consuma a dose acima do limite recomendável. E também garante que todos irão usufruir do componente.
Formas de oferecimento
Se for servir com o sal mineral, a mistura correta é:
- 30% de ureia para bovinos;
- 3% de sulfato de amônia
- 67% de sal mineral.
Caso sirva no sal proteinado, quando o consumo é de um grama por quilo vivo do animal, misture 12% de ureia.
Com sulfato de amônio, misture na razão de na razão de 9:1. Ainda, existe a possibilidade de oferecer ureia com melaço, também na mesma proporção do sulfato: 9:1.
Já sobre a silagem, a proporção é 5 kg de ureia para cada 1 tonelada de silagem. Uma preocupação é evitar a mistura com capim elefante, devido a necessidade de desidratação de 45% de matéria seca.
E sobre a mistura de concentrados e ureia, a indicação é de 3 kg de ureia a cada 100 kg de concentrados que podem ser milho, sorgo, soja ou resíduos proteicos.
Evite a intoxicação
Se o animal consumiu grandes quantidades de ureia sem a mistura balanceada com o sal ou a água contaminada, começará uma salivação excessiva e tremores musculares. Esses sintomas indicam o começo de uma intoxicação, com quadro evoluído, passa a apresentar convulsões. Então fique atento a esses sinais, pois se identificados no início, há grandes chances de cura. O tratamento é feito com vinagre e ácido acético 5% para servir ao animal nos primeiros sintomas. Sirva grande quantidade de água gelada que inibe a absorção do componente que causa a intoxicação pela ureia. E sempre consulte seu veterinário de confiança.
A intoxicação acontece quando uma quantidade acima da indicada (49g por dia a cada 100 quilos) é consumida pelo animal. Os sintomas aparecem em até 60 minutos desse consumo excessivo. Uma dica é sempre estar observando o gado. Principalmente, em época de chuvas, quando os cochos podem ficar com água acumulada. Os sintomas são desde os considerados leves, até os mais graves, como a morte do animal. Se o produtor oferece ureia aos animais e se depara com o timpanismo, desequilíbrio, tremores musculares, salivação intensa, podem ser sinal de intoxicação. Em casos mais graves, a taquicardia e convulsões são apresentadas. Já que citamos o timpanismo aqui, se quiser saber mais e como evitá-lo, temos uma dica sobre o tema: Como evitar o timpanismo no gado.
Mito
Há um mito de que a mistura de sal e ureia para bovinos com água intoxica o animal, porém o que não pode é deixar o cocho todo encoberto de água com essa mistura que é prejudicial. Geralmente essa água é proveniente de chuva. A orientação é fazer uma cobertura acima do cocho para prevenir que essa água se acumule e cause prejuízos na saúde do animal. Faça também furos para escoamento. O cocho também pode ser colocado em desnível, assim evita que a água fique acumulada.
Armazenamento correto da ureia pecuária para bovinos
Verifique a cobertura do galpão: a incidência de raio solar prejudica os micro e macroelementos da nutrição animal. Por isso, mantenha seus sal mineral, proteinado e ração sempre abrigados.
Nunca deixa os sacos diretamente no solo: quando for armazenar sacos de ração, nunca os deixe diretamente no solo, independentemente do piso. Coloque-os sempre em um estrado de madeira porque a umidade altera a matéria.
Combata todos os roedores dos galpões: esses animais são grandes vilões e podem prejudicar o sal mineral e outros nutrientes oferecidos ao seu gado.
Referência:
Fornecimento de uréia para ruminantes. Produção Animal. Acervo Técnico da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Ureia na alimentação de bovinos. Embrapa. Teresina, PI. 2000.